Brasil isola vírus da gripe suína e avança rumo a vacina
16/06/2009 - 12:00 , atualizada às 13:45 16/06 -
BRASÍLIA - Pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz em São Paulo anunciaram, nesta terça-feira, o sequenciamento integral de uma variedade do vírus da nova gripe "suína" (
rebatizada de gripe A H1N1 pela OMS) e detectaram mutações de "pequeno porte" em relação à primeira cepa do vírus identificada na Califórnia (EUA).
*CURIOSIDADE: O nome da gripe foi substituído por dois fatores: Para corrigir a injustiça com os porquinhos que não tem culpa de nada. E, para evitar uma quebradeira no setor da suinocultura mundial. Nos primeiros dias após a divulgação da existência da gripe com nome de suína, o Estado de Santa Catarina deixou de faturar milhões de dólares em negócios adiados ou cancelados.
OMS declara pandemia de "gripe suína"Laboratório produz 1º lote de vacina contra gripe suínaEntenda a gripe suína e seus riscosConheça as pandemias no mundo nos últimos 200 anosA nova variedade, denominada "influenza A/São Paulo/H1N1", não apresentou capacidade de infecção maior que o tipo identificado no Estado norte-americano, segundo os pesquisadores.
"O sequenciamento não identificou nenhuma mutação que implique numa maior virulência", disse a jornalistas a coordenadora de Controle de Doenças da Secretaria da Saúde de São Paulo, Clélia Aranda. Ela afirmou que as vacinas que estão sendo desenvolvidas devem ser eficazes para os pacientes infectados com essa variedade do vírus.Segundo os pesquisadores, detectou-se no sequenciamento do vírus uma diferença numa proteína chamada hemaglutinina, responsável pela capacidade de infecção do vírus, mas sem indicar diferença na agressividade do tipo detectado em São Paulo.O primeiro caso no Estado de infecção humana causada pela nova estirpe do vírus foi identificado em um homem de 26 anos que apresentou os sintomas da doença ao retornar de uma viagem ao México. O paciente foi internado em 24 de abril no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e recuperou-se. Amostra de secreção respiratória deste paciente foi investigada pelos pesquisadores do Adolfo Lutz, que depois isolaram o vírus.
Segundo o Instituto Adolfo Lutz, estão sendo feitas tentativas de isolar e sequenciar todas as outras 26 amostras dos casos confirmados no Estado para seguir monitorando as mutações do vírus.
A caracterização genética é fundamental na investigação da epidemiologia molecular do vírus para saber se o padrão viral se mantém ou já se diferenciou dos encontrados em outras regiões do mundo, contribuir para a produção de vacina e avaliação de resposta aos antivirais.
Casos no Brasil:
O último balanço do Ministério da Saúde sobre a doença, divulgado na segunda-feira, mostrou um total de 74 casos confirmados da "gripe suína".Segundo o balanço, os Estados com casos confirmados da doença até o momento são: São Paulo (27 casos), Santa Catarina (17), Rio de Janeiro (10), Minas Gerais (9), Tocantins (4), Distrito Federal (3), Mato Grosso (2), Bahia (1) e Rio Grande do Sul (1).
O Ministério da Saúde informa que do total de casos confirmados, 18 são de transmissão autóctone (ocorrida dentro do território nacional), todos com vínculos com pacientes procedentes do exterior. Segundo o órgão, esses dados mostram que a transmissão no Brasil é limitada e não há evidência de sustentabilidade da transmissão de pessoa a pessoa do vírus da Influenza A (H1N1).
Há ainda 79 casos suspeitos de infecção do vírus sendo monitorados pelo Ministério da Saúde. As amostras com secreções respiratórias dos pacientes estão em análise laboratorial. Outros 480 casos no País foram descartados. A nova gripe já afetou mais de 37 mil pessoas no mundo, causando ao menos 165 mortes, segundo os últimos registros da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Na semana passada, a OMS declarou a primeira pandemia de gripe desde 1968, ao aumentar o nível de alerta para a fase 6, o que implica que a doença está se propagando geograficamente, embora não necessariamente reflita sua virulência.
(*Com informações da Reuters e Agência Brasil)