17 de julho de 2009

PROGRAMAÇÃO REENCARNATÓRIA...


O acaso não existe; a vida é causal, não casual.



O que rege as nossas existências, ensina o Espiritismo, não é o acaso, mas o livre-arbítrio, uma conquista do ser humano que se desenvolve com a evolução da alma.

O livre-arbítrio se exercita, no entanto, de modos diferentes quando estamos na erraticidade e quando no plano físico, assunto que Kardec elucida de forma magistral no item 872 d’ O Livro dos Espíritos.

Reportando-se ao assunto, André Luiz pede que evitemos o uso do vocábulo acaso, tanto quanto as palavras sorte e azar, porque tais termos não têm a significação que lhes atribuímos.

Depois de uma tempestade, diz o ditado popular, vem a bonança. André Luiz discorda, asseverando: “Depois da tempestade, aguarde outras”. Em compensação, em vez de afirmar que “há males que vêm para bem”, podemos dizer que “todos os males vêm para o nosso bem”.


A programação reencarnatória


O livre-arbítrio quando estamos na erraticidade, ou seja, quando nos encontramos desencarnados, consiste na escolha do gênero de existência e da natureza das provas, dois itens fundamentais da chamada programação reencarnatória tão em voga em nossos dias e que a doutrina espírita esmiúça nas questões 258, 262 e 872 d’ O Livro dos Espíritos.

Duas únicas exceções à tese da escolha são referidas pelos Espíritos Superiores.

A primeira, quando o Espírito em sua origem não tem experiência suficiente para exercê-la.

A segunda, quando, por sua inferioridade ou má-vontade, não está apto a compreender o que lhe é mais profícuo. Deus pode, então, impor-lhe uma existência sem ouvi-lo, mas o Pai sabe esperar e não precipita jamais a expiação.

HÁ 143 anos, Kardec, na Revista Espírita de 1866 nos deixou as seguintes informações:

I – Ao deixar a Terra, conforme as faculdades ali adquiridas, os Espíritos buscam o meio que lhes é próprio, a menos que, não podendo estar desprendidos, estejam na noite, nada vendo nem ouvindo.

II – Quando se prepara para reencarnar, o Espírito submete suas idéias às decisões do grupo a que pertence. O grupo discute o assunto, pesquisa, aconselha.

III - O Espírito pode, então, aconselhado, esclarecido, fortificado, seguir, se quiser seu caminho, ciente de que terá na jornada terrena uma multidão de Espíritos invisíveis que não o perderão de vista e o assistirão.

IV – Cada pessoa tem no mundo uma missão a cumprir. Seja em grande escala, seja em escala menor, Deus pedirá a todos contas do óbolo que lhes foi entregue.

V – Nesse sentido, o dever dos espíritas é muito grande, porque o dom que lhes foi concedido é um dos soberanos dons de Deus. Sem se envaidecer por isto, devem os espíritas fazer todos os esforços para merecê-lo.

VI – Que ninguém reserve apenas para si esse talento, mas que o ofereça a todos os irmãos, trabalhando na seara espírita, sob a assistência dos Bons Espíritos, que jamais lhe faltará.

VII – Instruir os ignorantes, assistir os fracos, ter compaixão dos aflitos, defender os inocentes, lamentar os que estão no erro, perdoar aos inimigos – eis as virtudes que devem crescer em abundância no caminho do verdadeiro espírita.

O planejamento da reencarnação - A planificação para a reencarnação é quase infinita e obedece a critérios que decorrem das conquistas morais ou dos prejuízos ocasionais de cada candidato.

Na generalidade, assevera Manoel P. de Miranda em Temas da Vida e da Morte, existem estabelecidos automatismos que funcionam sem maiores preocupações por parte dos técnicos em renascimento, e pelos quais a grande maioria dos Espíritos retorna à carne, assinalada pelas próprias injunções evolutivas.

Examinados por hábeis e dedicados programadores, que recorrem a técnicas especiais de avaliação das possibilidades apresentadas, são eles submetidos a demorados treinamentos, de acordo com o serviço a empreender, com vistas ao bem-estar da Humanidade, após o que são selecionados os melhores, o que reduz a margem de insucesso.

Os que não são aceitos, voltam a cursos de especialização para outras atividades, especialmente de equilíbrio, com que se armam de forças para vencer as más inclinações defluentes das existências anteriores que se malograram, bem como para a aquisição de valiosas habilidades que lhes repontarão, futuramente, no corpo como tendências e aptidões.

De acordo com a ficha pessoal do candidato, é feita, concomitantemente, pesquisa sobre aqueles que lhe podem oferecer guarida, dentro dos mapas cármicos, providenciando-se necessários encontros ou reencontros na esfera dos sonhos, ou diretamente, quando for um plano elaborado com antecedência, no qual os membros do futuro clã convivem, primeiro, na erraticidade, de onde partem já com a família adredemente estabelecida. (Angélica Reis)


A influência da lei de causa e efeito


O direito de programar a própria reencarnação nos é conferido por uma lei: a que concede aos seres humanos o livre-arbítrio, a liberdade de escolha e de conduta que Kardec estuda minuciosamente em suas obras.

O livre-arbítrio sofre, porém, limitações por força de uma outra lei: a lei de causa e efeito, segundo a qual cada um de nós recebe da vida o que dá à vida, visto que a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.

Vê-se, pois, que o comportamento do homem afeta de maneira rigorosa a programação de sua vida. São de duas classes as causas que influem na existência humana: as próximas, ocasionadas na encarnação presente em que a pessoa se movimenta, e as remotas, que procedem das ações pretéritas.


As causas próximas, situadas na presente existência, geram novos compromissos que, se negativos, podem ser atenuados de imediato por meio de atitudes opostas, e, se positivos, ampliados na sua aplicação.

O livre-arbítrio na existência corpórea


Feita a programação reencarnatória no estado de erraticidade, o livre-arbítrio consiste, depois que estamos encarnados, na faculdade que temos de ceder ou resistir aos arrastamentos, às tentações e às influências a que somos voluntariamente submetidos.

Muitos cedem, poucos resistem. É nisso que o papel da educação e o período da infância são fundamentais ao ser humano, como Kardec adverte no item 872 d’ O Livro dos Espíritos.

Estamos, pois, em nossa existência corpórea, sujeitos a mudanças, por força do livre-arbítrio que Deus nos outorgou. Muitos matrimônios precipitados nascem disso, porque uma pessoa pode perfeitamente envolver-se com outra pessoa, fora da sua programação reencarnatória, podendo daí até mesmo nascer filhos. O fato não significa que os filhos venham por acaso.

Significa apenas que os protetores e amigos espirituais aproveitam toda oportunidade, mesmo as equivocadas, para semear o bem. O filho que nasce de uma ligação dessa natureza possui, evidentemente, ligações com um dos pais.

Os matrimônios precipitados geralmente têm vida muito curta. A razão é simples: se nos programados existe toda uma equipe de mentores e amigos do casal ajudando para que as coisas dêem certo, nos outros nem sempre isso ocorre.

Existem ainda os casos de reprogramação, em que, para atender a uma emergência, pode ser dado novo rumo à história de uma pessoa.

Exemplos disso, inúmeros, encontramos nas obras de André Luiz. Um dos casos é quando o esposo se suicida, deixando mulher e filhos sem o arrimo necessário ao cumprimento de suas tarefas. Um segundo matrimônio na vida dessa mulher pode perfeitamente ser estabelecido, com a ajuda dos protetores espirituais. Eis aí uma hipótese até comum de reprogramação da existência corpórea.